Tempos atrás eu estava por aí, tu estavas ao lado meu e a gente
brincava. Tu sorrias pra mim e eu retribuía com um beijo na testa, um toque na
tua mão e um cafuné. Tu mal conseguias ficar de pé, lembra? Eu te pegava com
todo cuidado, com todo afago e te dizia pra confiar em mim, porque eu jamais te
deixaria cair. Ou, se caísses, eu logo te levantaria. E vice-versa. Sempre foi
assim!
‘O teu
sorriso era tudo o que eu queria
E nas
melhores noites a gente nem dormia
Tu
sempre estavas por aqui
Ah, mas
que saudade de ti,
Guria.’
A gente sempre tinha o que
falar; eu não era eu por completo, se tu não estivesses no mesmo lugar. Mas
sabe quando o sol desaparece e a gente tenta, em vão, se aquecer com a chuva?
Pois bem, nenhum amor desses ligeiros e passageiros, como a água que cai do
céu, conseguiu apagar as marcas do clarão que tenho todas as noites, ao colocar
a cabeça no travesseiro. É a marca do teu sol em mim e que nunca se apagará.
‘Eu
viro novamente escravo de um drama
Quando
sinto teu cheiro na minha cama
E, vezenquando, tudo parece bem
Até eu
lembrar que sou um alguém
Que
perdeu quem ama.’
E a gente disse adeus. Eu
disse que não adiantava mais, que meu coração era teu – e ainda é –, mas que
não dava pra viver daquele jeito. De tanto se procurar, acho que a gente acabou
perdendo alguma coisa que fazia tudo aquilo ter sentido... ou a gente somente
entendeu que não existe essa coisa de ‘ser um só’, que na vida é cada um por
si. Mas, ao contrário do que pensei, longe do ‘nós’ fui eu quem caí. E ainda
não levantei.
‘O
castelo que a gente construiu
E todas
as vezes que a sorte nos sorriu
Tudo
caiu, sem exceção
E ficou
aqui a apreensão
De quem
desistiu.’
O teu adeus eu já escrevi,
já te dei e já te vi chorar... este é o adeus dos meus sonhos, de um ciclo da
minha vida. Essa é a despedida do que eu era. Existem outras bilhões de almas
na Terra, talvez uma delas possa me curar. É a paz que, por enquanto, não
encontro em nenhum lugar.
‘Eu
sangro em versos pela tua ida
Por
isso escrevi num texto minha despedida
Pra
lembrar de algo bom, algo foi...
Por
hora, ficamos pra depois
Ou pra
nunca mais
Agora,
tanto faz.’