terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Tua Cicatriz

Conheço muito crente que
Nunca colocou o joelho no chão
Conheço muita gente que
Vive feliz sem ter religião.

E assim a gente aprende
Que, se há algo bom no coração,
Não importa a nossa crença
E sim a nossa intenção.

Vocês, que levam pra doença
Quem viveu na maldição,
Aprenderão que a fé
Não significa a salvação.

Eu posso andar a pé
E sem sapatos até a bifurcação
Vou com quem pensa em todos
Não quem ora, mas quem pede perdão.

Me apedrejarão e me tacarão fogo
Mas já tenho a minha mente salva
Eu sou a fé das palavras que profiro
E o resto, pra mim, não faz falta.

Podem me matar, assassinar minha emoção,
Podem ocultar o que há no meu coração
Podem manipular todos com a globalização.

Mas nunca deixe de cantar para os mortos
Nunca deixe de respeitar os opostos
Nunca reze sem fé ou paixão,
Nunca despreze o que te faz feliz.

Sou o que sou e me contento
Nasci para estar no coração dos outros
Mas nunca tive a intenção
De ser a tua cicatriz.

Um comentário:

  1. Marcel, sigo vendo a mesma qualidade a qual já havia comentado. Mas vou fazer uns comentários técnicos e - quem sabe - até preciosistas...

    No verso 20: a tua seleção do verbo "assassinar" quebra um pouco o ritmo da poesia, acho que pela repetição dos sons sibilantes (termo técnico para a descrição do som do par fonético /S//Z/). Além disso, eu descartaria - sem dó nem piedade - o verso 23. Viajou geral em citar a globalização. Destoou do resto do texto!

    Outra sugestão (isso significa dizer: aceita se quiser!): Tenta definir um padrão de linguagem. Pois, para fins estéticos, mesclar o formal (cuidadoso) e o informal (coloquial) - especificamente nesse texto - não sei se causa um efeito agradável. Por exemplo: "tacar" fogo e "proferir", resulta, no mínimo, em uma mescla inusitada!.

    Assim que apreciar o outro, posto meus comentários!

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