domingo, 29 de novembro de 2015

Ah, Cidreira...

Hoje eu acordei
Com uma saudade
Da minha Cidreira
E de alguém
Que já não está aqui

É, Cidreira,
Já não vemos mais
Aquele cabelo grisalho
E aquela barba por fazer
Andando por aí

A saudade é um vazio imenso
Como um quadro que a gente pinta,
pinta e pinta
E nunca consegue preencher

A saudade me preenche por inteiro
Em forma de memórias boas
Dessas que a gente lembra, lembra e lembra
E tudo que queria era poder reviver

Mas hoje eu acordei
Com uma saudade boa
E a tempestade
Agora, é só uma garoa...

... e o barulho do mar no fim de tarde ecoa.

domingo, 15 de novembro de 2015

Sobre Lama, Fuzil e Outras Coisas...

Será que não somos a lama
E a vida é o rio?
Será que não somos a explosão da bomba
E o tiro do fuzil? 

Será que não somos a água da enchente

Que invade as casas?
Será que já não matamos gente
Apenas usando palavras?

Será que não somos o fogo

Que apaga o verde?
Não somos responsáveis pelo povo
Que morre de sede?

E os filhos de um só sobrenome?

E os milhões morrendo de fome? 

Será que somos a lama

E a vida é o rio? 
E estamos caminhando
Rumo ao eterno vazio...?

domingo, 30 de agosto de 2015

Sufoco

Deixa de pensar como tudo seria
Se a gente ainda estivesse em harmonia
Deixa de pensar no que vai ser depois
E me abraça como se fosse o último dia

Deixa tudo e me abraça apertado
E me lembra como era nosso passado
Que foi bom tantas vezes pra nós dois
E que fomos deixando de lado...

Deixa de pensar no que vai ser depois
Chega mais perto que vai ser melhor pra nós dois
E se o tempo que tu tem pra mim é pouco
Deixa eu aproveitar o tempo todo

Acho que quero te encontrar
Fazer amor pra toda vida
Cicatrizar esta ferida
E respirar o mesmo ar

Esquece tudo e vem viver este momento
E relembrar um pouco do teu sentimento
Esquece tudo e vem comigo pegar fogo
Pra eu ouvir de perto o teu batimento

E se o tempo que tu tem pra mim é pouco
Deixa eu aproveitar o tempo todo, todo, todo
E me socorre pra que eu não seja morto
E me sufoque pra eu sair desse sufoco...

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Aquino

Passa o tempo todo com agilidade
E com facilidade nos complica
E nessa vida nada é pra sempre
De repente, não existe verdade

Passa pelo lado, passa pelo fundo

Está na frente em um segundo
E parece que ninguém pode buscar

Escapa pelas mãos o que estava perto

E, de concreto, não sei o que posso afirmar

Passa o tempo todo com velocidade

Sonha o sonho com voracidade
Luta e batalha com toda vontade
E, na verdade, nem há o que comemorar

Escapa pelas mãos o que estava perto

Escorre pelo rosto um lamento discreto
E, de concreto, não sei o que posso afirmar.

domingo, 12 de julho de 2015

Vim te visitar

Vim te visitar, passado
Fazia tempo que não te encontrava
Eu tenho muita coisa pra falar...
... estou acordado.

Toco meus pés descalços na areia
Encaro o horizonte que clareia
Observo como o mar é imenso
E como a gente é pequeno...

E vejo que o céu não para de roubar
Todas as minhas estrelas
Leva pra outro lugar
Junto com as minhas certezas...
... leva pra longe do alcance do meu olhar.

Vim apenas te visitar, passado
Não pretendo ficar
Levo comigo as lembranças
Que ainda confortam
Leve contigo o amor às pessoas que voltam.

Observo como o mar é imenso
E as pessoas são medíocres, eu sei...
Mergulhar nesse mar tem preço:
Afundar...

... mas confesso que me convém.