domingo, 30 de setembro de 2012

Pouca Vogal

Agora; tão tarde, tão depois
Eu posso escrever, rabiscar
E sei o que posso dizer, pois
Ouvi a banda que canta sobre mim

E a saudade, que tão cedo me deixou,
Tão cedo voltou a me atormentar
Eu passei a acreditar no que sobrou...
Aquele show não deveria ter fim.

E aquela banda que tocou
Ali, perto da minha casa,
Disse tudo que eu queria te dizer
Tudo que eu precisava ouvir...
Tudo sobre nós.

Aquela banda, que me encantou,
Mostrou um novo sentido das palavras
E, no fim, eu consegui entender
Que eu devo sentir e ser feliz,
Acompanhado ou só.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Debaixo Do Meu Nariz

Estou um pouco afastado de tudo
E o mundo conhece minhas andanças
O sonho era ir pro espaço, mas faltou luz
E a tua cruz é apenas a minha dança

Querem que eu ouça opiniões, mas sou surdo
E o grito que sai do fundo da minha alma
É apenas a calma que eu não encontro
Em nenhum ponto, em nenhum segundo

Eu quero é dizer que quase tudo
Acontece muito perto de mim...
E a melhor coisa do mundo
Acontece debaixo do meu nariz...

Conheço até a Oceania mais que teu corpo
E era justo o oposto que eu queria
Sonhar a dois e ficar longe do resto
Sem deixar este sentimento honesto pra depois

Descobri o amor no lugar que mais odeio
E ele, assim, veio com uma dose de medo
De não saber guardar segredo, de machucar
Não quem ousa me amar, mas a mim mesmo

Mas eu quero é dizer que quase tudo
Acontece muito próximo de mim,
Sempre estive perto de tudo que aconteceu
Isso inclui a melhor coisa do mundo,
Que ocorre debaixo do meu nariz,
É quando eu beijo os lábios teus.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Desapegar e Desaparecer

Chegou o dia, finalmente,
Pra, sem mais temer,
Desacreditar na gente,
Desapegar e desaparecer.

E a agonia, de repente,
Passou e soube esclarecer:
Até ela queria um corpo quente
E partiu sem mais nada dizer.

Mas ficou algo subentendido
Escrito no sorriso falso que deixou
Foi como encontrar um velho amigo
Que, de tão velho, nada sobrou:

Sempre alguém faz o sacrifício
De ficar com o resquício do que se foi
E, geralmente, desses vícios
A gente se arrepende... depois.

E sempre tem quem esquece tudo
Redescobre o mundo e tudo bem
Esses já sabem o quanto é absurdo
Tentar amar... alguém.

sábado, 22 de setembro de 2012

Seria engraçado, se não fosse trágico...


“É até engraçado...”. Eu queria começar a escrever assim, mas não seria sincero, não seria a realidade, não dá.

Estive procurando a razão da minha vida em um coração sem emoção, em um olhar lindo - porém falso -, em uma pureza impura. E, depois de algum tempo, comecei a perceber que a estrada não era feita para andarmos um ao lado do outro e, pelo contrário, os deuses queriam mesmo que nós fizéssemos caminhos opostos. E assim foi.

Nós até insistimos, tentamos ser mais fortes que o mundo, que sempre conspirou contra, e nada se alterou. Mas sempre fica aquela impressão de que, se déssemos um pouquinho mais, talvez fosse possível. Pena que, de concreto, esse “se” não nos apresenta nada.

E eu, que tinha o coração mais emocionado, o olhar mais escuro – porém verdadeiro – e a impureza mais pura, tive que viver outras histórias, passar por outras vidas, decepcionar e alegrar muita gente para aprender que existiam outras formas de ser feliz.

Até que um dia eu entendi o que os deuses queriam: colocar duas pessoas que se amam em direções opostas, que é para elas se encontrarem, pois, independente de onde partir, se andarmos sempre na mesma direção, voltamos para o mesmo lugar. E foi o que aconteceu.

Mas alguma coisa estava mudada, ou pouca coisa havia não mudado. O coração dela estava com emoção, o seu olhar era só sinceridade e ela estava tão pura. E então veio a pior das tragédias: o coração sem emoção, os olhos sem sinceridade e a falta de pureza, percebi no instante em que lhe toquei os lábios pela última vez, eram características, enfim, do meu corpo.

Eu me tornei gelo; o jogo virou e sabe quem perdeu? Nós dois.

Eu primeiro, ela depois...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Cais

Hoje; os ventos chegaram mais cedo
Expulsaram, enfim, a chuva e, sim,
A partir de agora, tudo se modifica
Sem nenhuma previsão de volta

Que os ventos arrastem o meu medo
E que distanciem o mau tempo de mim
Os meus sonhos ninguém limita
E meu dever é viver sem sentir falta

Os ventos, esses sem sentido,
Estão me dando a certeza
De que aqui não é o meu lugar
E que digam coisas boas no seu ouvido
Pois a minha maior fraqueza
É o adeus que eu não pude dar

E a vida de cada um é responsabilidade
De quem ousa sustentar o seu corpo,
Sua alma, seu coração, seus pensamentos...
Sem distinção, pois somos todos iguais

E aprender que faz parte ter saudade
Passar por qualquer tipo de sufoco
Mas nada fica imóvel, quando os ventos
Chegam à cidade, a partir dos cais

E que sentido eles poderiam ter
Se não fossem mudar o panorama
Levar algo e trazer outro no lugar?
E, nessa indecisão, se aprender a viver
Com choro, sorriso, tragédia, drama...
E sempre alguém para amar

No fim, os ventos nos levam onde devemos ficar.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cruzada

E agora eu sei
Que antes de pensar
Em um outro alguém
Tenho que lembrar de mim.

E talvez seja só assim
Vivendo por ninguém
Que eu vou me encontrar
Ou me destruir, enfim.

Estou vivendo e já não sei
Se ficou em ti
A marca deste amor
Eterno para mim.

Estou morrendo e não sei
Se tudo que já escrevi
Ainda tem algum valor
... pra ti.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Aconteceu Com Um Amigo Meu

Larguei a sua mão para me despedir
Enquanto seu ônibus chegava mais perto
E, a cada metro, menos tempo pra existir
Não eu ou ela, mas o nosso amor... discreto.

Recebi dois beijos inesperados
E, ao ver-lhe partir, partiu-me o coração
Veio a imagem de um amor quebrado
E resolvi agir, sem nenhuma razão.

Corri, como nunca antes na minha vida,
E, na parada seguinte, entrei e procurei...
Eu lhe encontrei estancando a ferida,
Que doeu nela também, eu a conheço bem...

Sentei ao seu lado e nada quis dizer
Esperei que ela falasse algo sobre sua dor
De tudo, só uma coisa eu pude entender:
Ao lhe encontrar, reencontrei o amor.

Ela me perguntou:
“Por que fizeste isso?”
E eu consegui responder
De tal maneira, que nem sobrou
Algo para ela dizer:

“Uma vez, me disseram
Que era para eu correr atrás
Do que eu queria de verdade”.

Mas eles, que também erram,
Nunca encontraram a paz
Afogados num mar de saudade.

Só que, agora, quem não quer mais sou eu
E, após tanto vangloriar-se
Por ter um coração de gelo,
O dela derreteu...

E quanto a mim? Já lhe apaguei
Fiz meu coração parar de bater um pouco
Encontrei, passado o sufoco,
O sorriso que foi seu...

No dia do adeus, me disseram
Que era para eu correr atrás
Do que eu queria de verdade.

Mas eles nunca souberam
Navegar, em paz,
Num mar de saudade. 

domingo, 9 de setembro de 2012

Canção Para Depois Do Meu Suicídio

Finalmente, cheguei ao meu novo lar
Mas não vejo nada além de escuridão
Os antigos toques na minha mão
Ficaram todos em outro lugar.

Eles diziam, em vida, para eu rezar
Mas eu nunca lhes dei ouvidos
Talvez as coisas façam mais sentido
Agora que não existe luz para guiar.

O castigo é ouvir a voz de quem merecia
Estar exatamente aqui, ao lado meu,
Enganando a outros na terra de Deus
E me trazendo um pouco mais de agonia.

E a bala, que deveria te perfurar,
Está alojada, aqui, no meu coração
Ninguém pode dizer que foi em vão
Pois não há com quem conversar.

Aqui, há a dor e o medo,
Nada mudou
Mas o que sobrou?
Eu mesmo...

E todo o meu amor.

domingo, 2 de setembro de 2012

Canção Para O Meu Suicídio

Lutando contra o frio e a chuva,
Eu finalmente chego em casa
Já percebendo que sobrou nada
E nem sei de quem foi a culpa.

Apenas um prato na mesa
E ninguém para acordar na cama
Parece que, quanto mais se ama,
Menos se tem certeza.

As minhas roupas ainda por lavar
E os cigarros que eu deixei no chão
Assistem quietos a minha solidão
Que não tem hora pra acabar.

Nenhuma cerveja no congelador
Ninguém para me cobrar horários
Apenas uma voz dizendo: "Otário"
Pelo som que sai da minha dor

Palavras, como arma, é o que tenho para usar
E a música mais triste é o meu escudo
Mas eu estou tão no escuro
Que não há ninguém para eu poder atirar.

Apenas eu...
E, de tanto errar,
De tanto amar
Deixo-te somente este adeus...

Como forma de te fazer lembrar.