quinta-feira, 31 de março de 2011

No Mundo da Valorização Material

Percebo um capitalistmo espiritual
Pessoas que vendem a sua alma
Ser ter um apego sentimental.

Mas o barato acaba custando caro
E encontrar o amor já é algo raro
No mundo da valorização material.

E a democracia brasileira
Não cansa de censurar 
Toda a alegria deste povo.
O que chamam de democracia
É apenas uma forma de estatizar
O poder na mão de poucos.

Eu vejo um mundo carente de boas ações
Tantos artistas e tão poucas canções
Os dias passam e o pragmatismo nos mata.

Mais um coração amargurado, triste assim
Como um passáro engaiolado sem poder respirar.
São as nossas ideias que eles querem petrificar.

E a nossa grandiosa bandeira
Está perdendo seu verde
Enquanto o azul e o amarelo
Ficam cada vez mais desbotados
É um jeito de viver errado
Vendo pessoas morrendo de fome e sede.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Solução É Alugar o Brasil

            O tema é repetitivo, insistentemente debatido, e, convenhamos, tudo que é imposto regularmente torna-se chato. Mas é preciso que sejam tomadas providências quando o assunto é a educação. Remuneração dos professores, condições mínimas para as aulas, escolas bem estruturadas, tudo isso teria de ser essencial para um trabalho tão importante para a sociedade quanto educar.

            Todos nós sabemos que a educação é falha no Brasil. Principalmente as escolas públicas, onde seguidamente ocorrem greves pela falta de valorização dos profissionais da área. A competência do médico que vai te atender nos hospitais, o conhecimento dos engenheiros civis, partem, claro, do estudo e da vontade de cada um deles, mas também tem a ver com a educação que eles receberam na adolescência. Então, se este trabalho é tão importante, porque ele é pouco valorizado? Simples. Existe uma palavra-chave, politicamente falando, chamada interesse. Bom, eu não preciso aqui citar as centenas de atrocidades que ocorrem no congresso e nas câmaras municipais de todas as cidades deste país, eles (os políticos) precisam de algum mecanismo capaz de suplantar as pessoas, que assim como eu, souberam de várias fraudes em todos os governos que passaram.

            Às vezes nós mentimos para nossos amigos, namoradas, enfim, e precisamos repetir o ato para que não haja desconfiança das pessoas que amamos perante a nós. Este efeito cascata ocorre também na política. Para cada roubo, cada nova CPI formada, existe dezenas de mentiras que são colocadas na mente de cada pessoa. E aqui chegamos ao porquê de a educação não ser tão valorizada quanto deve. Quem é mais fácil de manipular: Alguém que teve um bom estudo, que se mantém atualizado sobre o que acontece no mundo, ou alguém que não desenvolveu sua inteligência e que, provavelmente, nem saiba em quem votou na eleição passada? Este é o problema. As pessoas que não tiveram uma boa formação, não possuem um aprendizado suficiente para ganhar um salário digno, acreditam, e com certa razão, tendo em vista seus problemas, em cada promessa feita pelos mesmos políticos que, indiretamente, travaram os seus futuros promissores.

            As pessoas se acostumam com isso. Veem com naturalidade estes problemas que, na verdade, apenas travam um país com tanto potencial. E essa comodidade faz com que, cada vez mais, o poder fique nas mãos de poucos, os recursos sumam, as estradas fiquem ruins, a saúde piore, a educação, bom, a educação eu nem vou falar.

            E o que fazer? O grande Raul Seixas deu a resposta lá em 1980: “A solução é alugar o Brasil”.

           

domingo, 20 de março de 2011

O Inferno Chegou, Meu Amor

O ódio muda teus traços
E enaltece a dor da vida
As feridas te deixam fraco
Você não tem mais saída.

O inferno chegou, meu amor
E ele não quer te largar

As pessoas morrem de fome
E você chora escondido
Procurando abrigo em algum lugar
Mas o mundo é bandido.

O inferno chegou, meu amor
E ele não quer te largar.

E vemos na TV pessoas matando pra comer.
E não entendemos o porquê de assim ser.
Homem cruel, onde foi parar você
Que prometeu tanto e nada quis fazer?

Se o inferno não chegou, meu amor
Eu prometo que ele vai chegar.
E nunca mais vai te largar.
Eu não vou deixar, eu não vou deixar.

A política corrupta
A polícia corrupta
E julgam a prostituta.
Quem ficará, agora, com a culpa?

Se o inferno não chegou, meu amor
Eu juro que ele vai chegar
E você vai pagar por tudo
E por todos que fizeste chorar.

Quando o inferno aparecer
Ele não vai mais te deixar.

Mas em algum canto do mundo a guerra vai continuar

quinta-feira, 17 de março de 2011

A Prostituta do Meu Bairro

Todos os dias, entre às 20 e 23h eu vejo aquela mulher. Às vezes cansada de tanto esperar. Outras tantas feliz por esperar. Mas, desde que eu me conheço por gente, aquela moça fica ali na praça da frente de casa.

            Um dia desses tive a ideia de conhecê-la. Fui até o lugar que ela sempre ficava e esperei o sol cair para ela aparecer. Apesar de não parecer uma mulher tão linda, na maioria dos dias da semana, principalmente sexta-feira, dia que eu a fui procurar, o movimento era grande.

            20h53min. Ela chega exatamente neste horário. Com seu salto alto, seus olhos transbordando tristeza e sua voz enrouquecida que diz:

            - Seu moço, são 50 reais, se for aqui, 60 reais se quiser fazer na tua casa e 40 reais no motel.

            E eu, assustado com a sua objetividade, falei:

            - Eu só tenho 50 reais, tens troco?

            - Não. – Ela responde em tom ríspido.
           
            - Então vamos fazer aqui mesmo. – Disse eu, tentando colocar medo nela.

            Em vão, logicamente. Eu não queria transar com ela. Ainda mais ali, na esquina da praça da minha rua. Após explicar isso a ela, disse que eu queria alguém para conversar. Acho que ninguém a valorizou tanto quanto eu, apenas com estas palavras. Aquela mulher se comoveu. Eu ganhei a prostituta do meu bairro, pelo menos por uma noite.

            - Então – eu comecei – eu moro aqui desde o primeiro dia da minha vida e sempre te vi aqui, faça calor ou frio, seja feriado, fim de semana. Por que tu vens para cá todas as noites?

            - Eu amo meu marido e minhas filhas, por isso eu venho.

            - Como assim? Tu tens um marido e filhas?

            - Sim, eu tenho um marido e duas filhas. Uma de 17 anos e outra de 09 anos.

            - Então o que fazes aqui? Por que não está cuidando das filhas? Vivendo com o teu marido?

            - A minha filha mais velha tem uma doença muito rara, eu nem sei o nome dela, que afeta os ossos. Ou seja, ela tem muita dificuldade para caminhar. Não consegue tomar banho sozinha, não consegue se virar sozinha, infelizmente. Meu marido, que graças a Deus está bem, a ajuda com isso. Ele não sabe o que eu faço, mas se eu não fizesse isso, ele morreria de fome. Ele foi preso duas vezes, não tem nem o primeiro grau completo, ninguém o quer para trabalho algum.

            - Nossa, eu acho que pensava muita coisa errada a seu respeito, desculpe-me. Mesmo que tu não saibas. Eu sempre fico observando teus passos da janela do meu quarto.

            - É, tudo bem, as pessoas não sabem da minha vida e me julgam por isso, ao menos tu não quiseste me espancar nem algo do tipo.

            Nesta hora ela levanta seu braço para arrumar a franja e eu vejo seu cotovelo todo esfolado, logicamente era de arrastá-los na brita, andando de quatro, como se fosse um animal, mas eu não quis dizer nada.

            - E quanto tu tira por noite?

            - Depende do movimento, mas geralmente entre 50 e 200 reais.

            - Te arrepende do que faz?

            - Não, eu me arrependo das escolhas que eu fiz. Mas não me arrependo de fazer isso, pois é tudo por amor as minhas filhas e meu marido. Às vezes é humilhante passar por isso, mas poder ver a minha filha mais nova crescer, a maior, aos poucos, melhorar e meu marido, mesmo que em casa, ajudando-as, isso não tem preço.

            - Eu queria te ajudar, tem como?

            - Sim, tem. Venha aqui de vez em quando, por favor. Eu preciso de alguém para conversar.

            - Sim, eu vou. Pode ter certeza. Já é quase meia-noite, preciso ir pra casa, amanhã eu tenho que acordar cedo, eu tenho aula. Infelizmente amanhã será um sábado letivo.

            - Tudo bem, obrigado por tudo. Eu também preciso seguir a minha vida, tem um carro estacionado ali, tchau.

            - Espere um pouco – disse eu – tome aqui seu dinheiro. Aqui são 50 reais, certo?

            - Obrigado, mesmo.

            - Tchau, tchau. Até mais.

            - Até.

            Cheguei à minha casa, fui para a janela do meu quarto, procurando-a. Ela estava conversando com alguém. Ouço aquela voz dizendo:

            - Meu marido, minhas filhas, vocês estão bem?

            E o barulho de dois tiros a queima roupa.

            Fim de vida. Fim de história. Fim de palavras.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Contra Ataque

- É horrível o que a natureza anda fazendo com as pessoas, né?

- Não, meu amigo, horrível é o que as pessoas fazem com a natureza.

sábado, 12 de março de 2011

Tempos Modernos

            Três anos de casamento, somados aos quatro anos de namoro, parecia um sonho que se arruinara. Era a realidade que colocava a prova quase uma década de amor. Eram atitudes, de ambos os lados, que faziam com que as duas pessoas da relação se afastassem cada vez mais uma da outra.

            O marido resolveu conversar, mesmo sabendo que poderia ser o último ato para salvar aquele relacionamento:

            - Amor, o que está acontecendo com a gente? Onde foi parar toda aquela esperança? Eu nem vejo seus olhos brilharem mais para mim.

            A mulher, já cansada de esperar uma atitude do marido, sorri por dentro, apesar de manter-se fria por fora, e diz:

            - Eu não sei o que está acontecendo. Mas eu não perdi a minha esperança, apenas acho que não temos mais o mesmo amor um pelo outro.

            O temor do marido se tornara real, ele entendeu a mensagem, percebeu, naquele momento, que tudo tinha acabado. Moravam juntos, viviam um com o outro, mas suas almas e seus desejos já estavam distantes.

            Ele, então, teve a ideia de contar segredos. Se houvesse uma hora para acabar um relacionamento, era aquela. E queria saber coisas que não poderia antes, quando estavam juntos:

            - Ok, eu entendi o que quiseste dizer. Mas eu não quero passar este dia em branco, quero que contes segredos teus.

            Ela responde com veemência:

            - Se é isso mesmo que quer, comece você.

            Ele, sem saber por onde começar, revela:

            - Eu te traí nesses últimos dois anos, eu desviei dinheiro da empresa do teu pai que me fizeram pagar estes dois carros que estão na garagem e esta cobertura. Convenci tua família a me colocar à frente dos negócios e, desde então, tudo passa por mim, ou seja, toda a riqueza da tua família pertence a mim também.


            Ela, apenas do espanto e da tristeza, também desabafa:

            - Meu querido, eu me conheci de verdade depois que você apareceu na minha vida. Eu não sabia quem eu era, do que eu gostava, eu não sabia de nada, na verdade. Você me trouxe a imensa vontade de ser mulher, me deu a paz, a alegria, me mostrou os caminhos, sem ligar pro preconceito das nossas famílias, obrigado por estes sete anos juntos.

            Ele, surpreso, provoca:

            - Por que está me elogiando? Olha o que eu fiz. Outra coisa, isso não é um segredo.

            E ela, com um sorriso que o metralhou, olhou nos olhos dele e disparou:

            - Amorzinho, eu era um homem quando falei contigo pela primeira vez.


quarta-feira, 9 de março de 2011

Perdida Neste Inferno

Meu cabelo ficou grisalho
Meus traços envelheceram
O amor supera todas as barreiras
Mas o tempo supera todo o amor.

E as horas passam trazendo a certeza
De que eu deixei o tempo passar
Sem segundo plano, sem chão.
Nada sobrou além da saudade.

Meus amigos trocaram de lado
E deixaram todo o vazio desses dias
Fazendo companhia para que eu
Não me sinta sozinho longe de ti.

E quando me perco no passado
As lembranças, que teimam em trazer alegria,
Daquele amor que morreu
Fazem-me sentir falta de quem desapareceu.

Estou ficando doente e sem forças
Minhas veias desaparecem
E minha palidez traz o medo da morte
Que já chegou quando disseste adeus.

Mas ontem e amanhã são dias
Que eu nunca vou poder viver.
Então peço uma motivação para hoje
Continuar, lutar e vencer.

Até que a noite traga o descanso eterno
Para esta alma perdida neste inferno.

terça-feira, 8 de março de 2011

Brasil-Sil-Sil

A educação suplica para o Brasil:

- Por favor, meu querido país, se tiveres piedade deste povo, se quiseres vê-lo evoluir, peço-lhe que distribua melhor o dinheiro dos impostos, a fim de formarmos pessoas mais educadas e melhores preparadas para o que vem pela frente nesta vida.

O Brasil responde:

- Não posso, tenho que poupar dinheiro.

O trânsito, após outro fim de semana de mortes, pede para o Brasil:

- Por favor, meu querido país, após mais estes dias de dor e comoção nas pessoas por causa dos acidentes, peço-lhe que melhore as estradas, que mude algumas leis para automóveis a fim de diminuir ou, se possível, extinguir todo esse problema causado.

O Brasil responde:

- Não posso, eu não tenho dinheiro para isso.

A saúde, já insatisfeita com a pouca atenção que recebe, também pede:

- Por favor, meu querido país, eu vejo pessoas morrendo, eu sinto a tristeza dos seus familiares, a angustia de tanta gente que não merece. Ajude-me, eu preciso de você para me levantar. Peço-lhe para que invista em mim, contrate profissionais com melhores qualificações, aumente o salário dos médicos para que estes se sintam valorizados por trabalharem para esta República.

O Brasil responde:

- Não posso, eu tenho mais no que gastar.

O carnaval chora, pois algumas escolas de samba perderam parcialmente seus materiais em um fogo incontrolável causado por um membro fumante dessas escolas, e pede para que o Brasil financie estas alegorias para participar do grande carnaval 2011 do Rio de Janeiro:

- Poxa, Brasil, sabe que nós tá sempre junto com tu, meu. Nós faz a alegria do povo, nós consegue traze os gringo bacana pra cá, só queremo ajuda pra isso, que se dane o trânsito, a educação e a saúde, ninguém precisa disso, nós precisa só de um bom carnaval todos os anos.

O Brasil, sensibilizado, responde:

- Claro que sim, meu querido carnaval, faço o que for preciso para salvar vocês e conseguirmos fazer deste o melhor carnaval de todos os tempos.

E é assim que este país vai para frente.              Brasil-sil-sil

sábado, 5 de março de 2011

O Destino?


Onde começa o destino? Nós tentamos estabelecer datas e fatos que tenham sido as mais importantes para o começo deste amor. Eu posso falar sobre o pedido de namoro, o primeiro beijo, o pioneiro abraço, as nossas risadas, as melhores palavras, a sinceridade do olhar, mas em todas as ações que eu citei, percebo que existe um passado que nos trouxe até aquele momento.

Quando eu tinha 6 anos, conheci um garoto no colégio. Desde cedo criamos um vínculo e fizemos com que nossos pais se conhecessem e virassem amigos ao ponto de chamar um ao outro de comadre e compadre.

Quando eu tinha 10 anos, conheci um garoto em uma escola de tênis, mas jogávamos em horários distintos e nos encontrávamos por mera casualidade (Ou seria o destino?). Infelizmente, depois de algum tempo, perdemos o contato.

Quando eu tinha 15 anos, eu fui convidado a ir pra praia pelo amigo que eu conheço desde os 6 anos de idade. Lá eu reencontrei aquele garoto que eu conheci com 10 anos de idade e acabei por conhecer sua irmã.

Por ela me apaixonei de cara, havia decidido há pouco tempo atrás que precisava mudar de vida, amar mais, confiar mais, ser alguém sincero, querido e educado. Encontrei naquela garota essa vontade de crescer e assim e assim fui amadurecendo.

Por ela, conheci outra menina, subentendia-se que tratava de sua melhor amiga, mas eu não havia dado bola para isso. Eis então que recebo um aviso daquele garoto do tênis, que eu havia conhecido há 5 anos atrás e que, com poucas palavras, mudou novamente o meu destino: “Repara na melhor amiga da minha irmã”.

Eu reparei e rapidamente ela se tornou a minha melhor amiga, e acredito que eu também tinha algum papel inportante na vida dela. As coisas não iam muito bem entre eu e a irmã do garoto que jogava tênis, algumas discussões, desgaste natural e, sem nenhuma explicação, eu conheci o outro lado de tudo que eu sentia por aquela sua melhor amiga, que eu pouco havia ligado quando conheci.

Hoje eu me sinto como o homem mais feliz do mundo, apesar da pouca idade, acredito que tenho um futuro planejado, mas não sei quando o destino aparecerá de novo. A melhor amiga da irmã do garoto que jogava tênis, que eu reencontrei na praia onde me hospedei na casa do menino que eu conheci no colégio, quando eu tinha 6 anos, é a principal responsável por toda essa felicidade que eu sinto.

A verdade é que os nossos destinos vêm sendo moldados e traçados desde duas datas fundamentais: 06/12/1994 e 22/08/1996.

Se eu estiver errado, tenho muito a agradecer por estas perfeitas e tão apaixonantes coincidências.