domingo, 30 de dezembro de 2012

Até O Fim

É minha, e tão somente minha,
A dor de nunca ter podido
Ver algum dia amanhecer
Nos braços do meu amor maior
Mas finalmente tudo se acabou.

E eu sei que, quando sozinha,
Ela podia ouvir meu pedido
Ecoando e lhe fazendo ensurdecer
Colocando em sua garganta um nó
Que, desde então, não se desatou.

Bastou eu lhe dar a liberdade
Pra ver que ela não era quem preciso
Não era a minha necessidade
E tão pouco o meu abrigo.

Mas eu tive que lhe avisar:
"Diga o que quiseres dizer
Faça o que achares melhor pra ti
Mas não penses que eu vou te escrever...
Até o fim."

Um dia, tudo vai se renovar
Inclusive pra mim.

Enfim...

Bastou ela conhecer a saudade
Pra ver que quem ela precisa
Perdeu toda aquela vontade
De fazer parte da sua vida....

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Preto E Branco

Eu estava lá e tu me encontraste
Percebi aquele contraste
Entre o que precisava ouvir
E o que tu me falaste.

E queria saber onde colocaste
As lembranças das nossas tardes
Pois não encontrei dentro de ti
Nem, ao menos, a saudade...

Acho que irei desenhar
Em preto e branco
Pra retratar
O meu sufoco.

Acho que irei desenhar
Em preto e branco
Pra mergulhar,
Um pouco...

Num mundo onde eu posso
Transformar a dor em verso
Em desenho ou manifesto...

E pra ti?
Saúde, paz, sucesso...
E todo aquele resto

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Abismo

Quero quando não posso
E não quero quando posso
Este sou eu, prazer.

Perco quando me esforço
E sempre que ganho um negócio
Quero logo me desfazer.

E minha cama, tão pequena,
Está tão grande só pra mim...
E este quarto, tão grande,
Está sufocante sem tua presença aqui.

Na expectativa de nada
Eu encontrei tudo
E tento ver o futuro
Olhando pro meu passado

Foi pra pessoa errada
Que dei o meu mundo
E percebo que ando no escuro
Nestas noites em claro.

E eu, que amo o abismo,
Tive que aprender a voar
Pra longe do teu sorriso
Que é pra ele jamais me segurar.

07h19

E a minha preocupação, desde sempre,
Foi tentar ser alguém diferente
Porque tu me parecias um cara especial
Mas agora, olhando assim,
Vejo que tu és tão igual...
Aos outros.

E aquele velho amor decadente
Vem pra me fazer mais forte e consciente
Que não existe este lance de final,
Mas que tudo é um recomeço pra mim
A gente volta a crescer e tal...
Aos poucos.

As fotos que eu não tirei,
O que eu deixei de te dizer,
Os sorrisos que eu não te dei,
Tudo está gravado dentro de mim.

Todas as vezes que sonhei
Os versos que ousei escrever
E todos os beijos que eu te dei
Tudo está gravado e assim....

Eu vejo; é pra sempre
Enquanto machuca o coração
E se expande em lágrimas, versos
E na melodia que se faz canção.

Deixa

Deixa; eu fico de pé
E nas minhas entranhas
Vejo que estou a caminhar
Sem saber a direção

E percebo que a fé,
Que move até montanhas,
Não conseguiu sensibilizar
O meu coração.

Pode até ser que o céu seja
A minha eternidade
Mas eu acredito fielmente
Que a escuridão é, no fim,
A minha cara metade...

E que aqui ninguém esteja
Questionando minha hombridade
Nem acreditando nela cegamente
A salvação é, pra mim,
Estar de bem com a  verdade...

E tão somente.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Aquele Que Vence

Fui aconselhado a buscar um sentido
Naquilo que eu tinha e no que me restou
E disseram que eu devo correr perigo
Se for por algo que me traga algum...
Sorriso.

E, se for pra eu ser bem sucedido
Fingindo ser o que não sou,
Eu prefiro ser conhecido
Como aquele que é só mais um...
Ser vivo.

Encontrei abrigo neste sonho vão
Mas, na verdade, é o silêncio
Que dá sentido às palavras desta canção
E me faz seguir em frente.

E eu estou necessitando novamente
Beber aquela dose insana de desespero
Pra voltar a acreditar cegamente...
No 'pra sempre'.

Aprendi a ser o melhor possível
Não para superar um outro alguém
Mas para ajudar ao próximo quando necessário
São coisas que engrandecem a gente.

E todos deveriam saber o quanto é incrível
São palavras que servem pra qualquer horário:
Não competindo com ninguém,
Serás aquele que vence...

... qualquer adversário.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Eu Sei

Estava eu, vendo o sol aparecer,
Queimando todos os meus neurônios
Mas era só pra tentar te escrever...

Que tudo aquilo era tão vazio
Parecendo o oposto do meu sonho
Éramos eu, o sol ou a lua e o rio...

Eu estava tão cansado
Que eu sonhei...
E, quando acordei,
Quase recuperado

Lembro que procurei alguém
Que soubesse quando apagar meu cigarro
E quando fumar ao meu lado
Foi então que eu te encontrei...

Apagando o meu passado
E incendiando o outro lado.

Justamente o lado que não queimei:
Quem fuma até o filtro está apaixonado,
Eu sei.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Tempestade

Nessas noites vazias em que me encontro
A minha solidão me faz chegar num ponto
Onde os trovões transformam-se nos únicos sons
Que conseguem me acalmar e me entender um pouco.

E mesmo sabendo que, ao fim de cada tempestade,
O sol volta a iluminar e trazer luz à cidade
Eu peco por não acreditar que meus sonhos bons
Podem, um dia, se tornar realidade
Talvez me falte coragem...

Eu deixo com o vento, pois ele sabe a hora
De te trazer pra cá ou te levar embora
Eu apenas tento administrar esta maldição
Que é não ter a tua presença agora...

E é por isso que a tempestade vem me alegrar
Não me deixa dormir e, por consequência, sonhar
E, assim, longe desse mar de ilusão, desse sonho vão,
Eu jamais conseguirei te encontrar...
Eu sinto que não és meu ar.

E espero que o vento
Possa me trazer mais adiante
Um outro alguém
Pra me salvar.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Decadente

Mais uma noite e nada mais
Sufocante, errante
Sem paz
Nem sorte.

Mais uma noite igual as iguais
Sem chance, distante
Do que me faz
... forte.

Outra vez teus olhos verdes
Longe de mim
Tão perto...
Teus cabelos negros
Meus, enfim
... incorreto.

Mais uma ressaca, saca?
Dor de cabeça
Cheiro de cigarro
E tão somente.

Outra vida que a vida afasta
Desesperança, desavença
Tratar o comum como raro
... decadente.

Outra vez teu corpo
Longe do meu
Tão perto...
E o sufoco
Do teu adeus
... tão incerto.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A Gente Nunca Mais Vai Voltar

É muito fácil
Dizer que é muito difícil
E apenas esperar.
É muito fácil
Dizer que é impossível
E morrer sem tentar.

Mas, sinceramente, o que te envolve tanto
Soa-me como um tango sem tristeza
Uma América Latina sem pobreza,
Um tanto de nobreza num pobre coração.

Parece-me um toque de mãos mortas
Uma estrada sem bifurcação e sem voltas
Uma escolha sem outra opção
Um amor sem solidão.

É que fica fácil demais
Envolver-se em coisas banais
Desistir das coisas reais
Por acreditar que só o tempo é capaz...

O tempo consegue quando fazemos por onde
Mas nada nos satisfaz em tudo que temos
Ser capaz, ao menos pra mim, não é o bastante...

Só ama demais quem não tem, no seu mundo,
O que lhe faz ir adiante.

É por isso que eu insisto em dizer:

É muito fácil
Dizer que é muito difícil
E apenas esperar.
É muito fácil
Dizer que é impossível
E morrer sem tentar.

E só uma vez: a gente nunca mais vai voltar.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Lado B

Eu comecei a ouvir
Cantores antigos
Pra tentar te esquecer
Passei a viver de vinis
E o pensamento, preso a ti,
Fez eu pensar em virar o disco
Mas tu também estavas no lado B.

Teu olhar azulado me trouxe a paz
Que foi embora quando ele se fechou
Na última vez que a gente se beijou
E estou te odiando eternamente
Até tu esboçares um sorriso pra mim
Novamente.

'La, la, la, la
La, la, la
La, la
La.'

Se eu não posso fazer o tempo retroceder,
Se eu não tiver que escrever pra te esquecer,
Deixe-me mergulhar fundo nesta dança

Se eu não consigo marcar meu nome no teu,
Se eu não posso amar sem ouvir um adeus,
Ao menos deixe-me alimentar a esperança

De um dia poder cantar:

'La, la, la
La, la
La.'
Sem alguém pra me julgar.

E não espero que os anos
Passem e sejam melhores
Mas que eu possa ser melhor
Com o passar de cada ano.

'La, la, la
La, la
La.'

Tu me julgarás até perceber
Que, quando for tu no meu lugar,
Farás exatamente igual
E acharás isso tão normal.

E me prenderás até entender
Que, se fosse eu no teu lugar,
Faria o possível pra te libertar
Pra que tu pudesses trocar de canal;

De estação
Ou de disco preferido.

E toda vez que eu disse o certo
Foi para a pessoa errada
Talvez o errado seja eu
Talvez de errado não haja nada.

E pra toda construção de concreto
Existem milhões de almas inacabadas
Cada uma sabendo o quanto já sofreu
Mas elas jamais ficam paradas...

A gente ouve uma canção
E encoraja-se pra seguir vivo
E lutando por um amor;
Mesmo que isso não faça sentido.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Duca

E te diria
Eu iria mais além
Eu tiraria
Força de onde
Não tem...

Pra acreditar no amor
Que nasceu da invenção.

Eu te escreveria
Diria que ninguém
Conseguiria
Nem de longe
Fazer tão bem...

Nem apagar a dor
Do meu coração.

E, como o Saci,
Que me fazia rir
Quando criança,
Tu andas por aí

Pulando num pé só
Levando junto a ti
A minha esperança
De ser alguém...

melhor.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Um Rascunho Afogado Em Lágrimas

Eu não quero mentir pra ninguém:
Nunca foi fácil me acostumar sem ter
Tudo aquilo que moveu a minha vida
Mas de alguma forma eu consegui
Levantar a cabeça e seguir minha estrada...

Só que chegam certas datas no calendário
Que eu só consigo lembrar de anos anteriores
E de como aquilo me fazia mais forte
É o preço que eu pago pela intensidade
Que eu ouso sentir em tudo o que faço.

E dezembro é tão especial pra mim
São tantas lembranças e emoções
São tantas datas pra ficar lembrando
Que o entalar da minha garganta
E o embaçar dos meus olhos
Já é algo tão natural...

O que posso afirmar é que eu fui embora
Mas deixei parte de mim naquele lugar
E daquele lugar que eu tive que deixar
Levei um pouco comigo no coração
E onde mais coubesse essa marca
Que eu nunca vou querer apagar.

O que posso afirmar é que eu fui embora
Mas deixei parte de mim naquelas pessoas
E daquelas pessoas que me despedi
Levei comigo apenas as lembranças boas
Pra que elas façam parte de mim
Sempre que eu precisar sorrir.

Aquilo que é superior ao essencial
Nunca será tão real quanto a necessidade
De transformar a solidão em saudade
E também a dor em vontade
Pra, enfim, voltar a caminhar...

Porque o caminho segue,
Independente de onde a gente vai.