segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cidreira

E era tão bom, mês de fevereiro,
A gente esperava um ano inteiro
Pra ter quase vinte dias de paz
Ou, quem sabe, um pouco mais

Lembro do som que esquentava
Quando a noite fria me abraçava
Era a viola do meu avô, baita senhor,
Que saudade, quanto amor...

E será que Cidreira mudou seu jeito?
Ou será que ela continua igual?
Eu nunca esqueço daquele centro
Abarrotado em noites de carnaval

E, nos dias ruins, era a nossa salvação
Fugir para a Praia das Cabras
Ou, às vezes, ir até o Farol da Solidão
Pescar, tirar uns mariscos e voltar...

Sempre com a viola na mão
Às vezes, com muitos quilos de peixe
E, outras, só com histórias pra contar...

Será que ainda existe tudo que eu deixei por lá?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Necessário

E era tão difícil
Eu nunca me contive
Sempre tentei ter
O que não era meu

E é meu sacrifício
Gostar do que nunca tive
Amar quem só sabe dizer
Adeus

Vai, que faz falta estar longe
Que faz falta morar longe
Que faz falta viver longe
Quando se está perto...

Volta, que faz falta estar perto
Que faz falta morar perto
Que faz falta viver perto
Quando se está longe...

E assim a gente vai
Ou volta, ou segue
Ou faz o que for,
Ou se faz de otário...

Assim, a gente apaga
E incendeia esse amor
Quantas vezes for
Necessário.

domingo, 14 de outubro de 2012

O Preço Que Eu Pago

Não fumo com frequência
Mas preciso de um cigarro
O amor e sua decadência:
Virou em nada o que era raro

Eu tenho a  consciência
Que meus pés são de barro
E agora é consequência,
De quem ama pouco, pagar caro...

E perder tudo o que tinha
E também a oportunidade
De ter o que ainda não tem

Enfim, perder a linha
Viver pela saudade
... de alguém.

Eu tenho a consciência
Perdi o que era raro
E o preço que eu pago
Pela tua ausência...

É caro, é caro, é caro...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Nada Mais...

Chega de saber apenas caminhar
E não entender porque vai,
Pra onde vai
E tudo mais...

Chega de pedir pro tempo passar
Está na hora de viver o agora,
Sem demora
E nada mais...

Dá a mão pra quem está do lado
E vai!

Acho que eu te entendo,
Após invertermos os papéis
Surgiram tantos anéis
Que os dedos...
Nem tocam mais.

Eu tenho um coração que bate
Por alguém que me surra
Todas as vezes que fica muda
Quando eu peço mais um chance

E, ao meu alcance,
Não existe nada mais...

Queria dar a mão pra quem está do lado
E ir
Mas, por aqui,
Não vejo ninguém mais...

É que, ao meu alcance,
Não existe nada mais...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A Voz Que Eu Nunca Ouvi

Eu peço desculpas
Pelas culpas que te coloquei
Não era a minha intenção
Mas virou necessidade

Espero que tu entendas
As lendas que te expliquei
Não foi só o meu coração
Que sofreu por vaidade...

E, se me perguntarem
Onde tu estás
Ou aonde vais,
Direi apenas que vives bem
Mas que não morrerás em paz.

E, onde encontrarem
Um resquício de satanás,
Mentirão nos jornais
Dirão que estou com outrem
Quando, na verdade, jamais...

Eu sou fiel à minha solidão
Eu sou fiel ao meu ninguém
Perceba com a palavra chega ao coração:
É pela voz que nos faz amar alguém...

A voz que eu nunca ouvi;
E achei que pudesse ser a tua, meu bem.

sábado, 6 de outubro de 2012

Impossibilidade

Tu me fizeste mudar
E depois te mudaste pra longe
E eu fiquei, aqui, por amar
A impossibilidade...

E, de tanto errar,
De tanto ouvir Visconde
Eu consegui me salvar...
Da saudade.

Um dia, tu vais sentir falta
De alguém pra sentir tua falta
Eu tenho certeza que vais
Será daqui algum tempo,
Se já não for agora...

Um dia, tu tentarás voltar
Pros braços de quem já quis voltar
Mas vai ser tarde demais
Quererás reprisar grandes momentos,
Mas será tempo jogado fora.

E eu estarei ali, do outro lado,
Fingindo estar muito bem
Fingindo que o passado não machuca
Eu estarei te colocando uma culpa
Que, no fim, é minha também
Mas é tão oculta a dor desse passado...

Que... enfim, eu não tenho certeza,
Mas acho que passei do meu limite
É triste quando, por medo,
A gente, a si próprio, agride.