domingo, 25 de agosto de 2013

Escuridão

Teus olhos vermelhos
De maconha ou de choro
E a tua pele tão clara
Contrastando com a escuridão
Do teu interior

Tua cara encarando o espelho
Um pedido desesperado de socorro
Uma alma tão rara
Compartilhando a solidão
Apenas com teu rancor

E havias entrado nesse mundo
Apenas para esperar o dia
Que a gente demonstraria
Todo o amor que sente
Com a mesma facilidade
Que expressa o odiar

Mas, nem que seja por um segundo,
Quando o amor nos faz doer
É uma justificativa pra esquecer
E se percebe a falta de um corpo quente
Nesses dias de chuva e saudade...

... pois é, pequena, a gente não soube se entregar. 

Eu também me encarei no espelho
E a minha alma, antes tão rara, 
Percebe pelas cicatrizes na minha cara
Que são as drogas e o choro...

... quem constituem o vermelho do meu olho. 

domingo, 18 de agosto de 2013

Saudade

A festa está boa
A bebida está gelada
Eu gosto dessas pessoas
Mas me deu uma saudade de casa...

Aquela saudade que mais parece uma facada
Que perfura o peito sem dó nem piedade
Uma saudade do teu cheiro e dos teus braços
Dos teus beijos e dos teus abraços

É que a saudade chegou antes da ressaca
Faz tempo que a vida não me dá paz e serenidade
A saudade chegou do nada e sem nenhuma explicação
Chegou e parece que só vai embora no verão...
... e a gente segue nesse inverno profundo.

“A-sau-dade-que-sin-to-no-coração
Não-ca-be-nesse-mun-do...”

Pela última vez, queria ouvir a tua voz
Nem que fosse pra me dizer adeus
Nem que fosse me mandando partir

Percebi que não sendo nós
Também não sou mais eu
Apesar de atrasado, aprendi:

Nenhum lugar é melhor que ao lado teu.

domingo, 11 de agosto de 2013

Tão Pouco

Não sei qual o sentido dessa espera
Por quem já provou que nunca vai ficar
Abraça na paz, mas não socorre na guerra
E eu sempre tento esquecer pra recomeçar

E olha que eu já nem sei definir esse sentimento
Do teu veneno eu quero a overdose para ter paz
Teu cheiro é uma verdadeira máquina do tempo 
Sempre me faz olhar pra trás...

... faz ver aquilo que eu nem devia enxergar mais.

Faço tudo que consigo
E minha única solução
É ter a tua atenção
Pra sair do sufoco

E, se me deres um sorriso,
Lhe pergunto: 
É pedir muito 
Que não seja tão pouco?

domingo, 4 de agosto de 2013

O Manco

Acordei ouvindo “Ali”, do Skank
Lembrando das coisas que eram mais fáceis antes
Parar o tempo não seria um problema tão grande
Mas estar parado enquanto o tempo anda é agonizante

Escrevo ouvindo “Ali”, do Skank
E olha que eu nem era muito fã dessa música antes
Ando precisando de ajuda para coisas cotidianas
Acho que enlouqueço até o próximo fim de semana

Eu olhei e ela estava me olhando
Eu caí e ela estava dançando
Com outro par...
... mas sem amar

Levantei e ela estava me abraçando
Seus braços aos poucos iam me curando
E o cara que estava com ela lá...
... parece que ele parou de dançar

Ela me levou até o hospital da cidade
As enfermeiras falaram que ela perguntou:
“Será que ele vai ficar bem, doutor?”
Ele respondeu que sim
E que eu só tinha fraturado o tornozelo

Mas ele não sabia que, na verdade,
Eu só precisava dela, que me levantou
Não me importaria de lhe entregar todo o meu amor
Afinal, foi ela quem me salvou num dia ruim...
... foi ela quem quebrou o meu gelo. 

E este sou eu, sobrevivendo neste penar
Sem poder fumar meu fumo
Nem cerveja estou podendo tomar
Sonhando com um caminho, um rumo...
... mas sem conseguir caminhar.

As coisas deveriam parar naquela hora
Pra que eu pudesse tentar ir atrás
Mas se, pra mim, até pra sair desta sala demora...

... imagina quanto tempo vou levar pra reencontrar a paz