domingo, 30 de janeiro de 2011

A Culpa É Sempre do Treinador

- A responsabilidade está em suas mãos, boa sorte. – Deseja aquele homem com semblante nervoso a seu goleiro.

- Pode deixar “professor”, vou fazer o máximo para ganharmos o jogo, e se Deus quiser, eu não levar gol – Responde aquele menino de 19 anos que recém estreava pela equipe profissional.

Aos laterais, acostumados a clássicos regionais, ele retoma o que havia conversando na palestra:

- Atenção, eu quero que quando um avance, o outro fique. Quando tomarmos um contra-ataque eu quero que o homem que “segurou” lá atrás feche como o terceiro zagueiro, enquanto o outro vem por dentro, ok?

Os meninos parecem bem cientes do que devem fazer dentro das quatro linhas, mas ele os avisa sobre a especialidade do adversário, as bolas alçadas na área pelas laterais.

Os dois zagueiros, ambos acima de 30 anos, estavam tranquilos quanto aquele clássico, já haviam disputados outros tantos, recebendo apenas orientações técnicas e táticas do treinador.

No meio-de-campo o cabeça-de-área, que não passava por uma boa fase, era quase sempre vaiado pela pequena torcida que comparecia, mas jogava no carteiraço dos cartolas. Os dois volantes-armadores tinham a incumbência de ajudar o primeiro volante na marcação e participar junto com os laterais e com o enganche, na articulação das jogadas. O camisa 10 do time, capitão e homem da bola parada era o centro das atenções do adversário.

O treinador ordenou o atacante de velocidade a jogar pelos lados do campo e cravou o centroavante, com boa estatura e bom porte físico, para trombar com os zagueiros do outro time.

De nada adiantou, tudo deu errado naquele dia. O centroavante até fez um belo gol. Depois de uma falta bem batida da entrada da área, ele se antecipou ao zagueiro e cabeceou para o fundo das redes. Mas, para azar daquele time, o goleiro falhou no primeiro gol. Em uma cobrança de falta, a bola ultrapassou a barreira e entrou sem força no canto. No segundo, ambos os laterais foram ao ataque, desesperados pela vitória. Em um contra-ataque mortal, também com a falta de cobertura do primeiro volante, a jogada desenhada pelo técnico aconteceu, bola para o lateral, cruzamento, gol do centroavante adversário.

O treinador estudou o adversário, montou o time certo, deu as melhores ordens possíveis, tranqulizou os jogadores jovens. Ele tentou e o time não correspondeu. Fim de partida, torcida irada, atletas abatidos, direção irritada. 

E a culpa pela derrota, mais uma vez, foi creditada ao técnico. Então, diga-me, por favor, por que a culpa sempre é do treinador?

Ele muitas vezes faz o que pode, assim como todos em suas vidas, mas as pessoas, talvez por orgulho, talvez por teimosia, não fazem o que pedimos. Ou talvez elas não saibam fazer, e se for este o caso, teremos que nos acostumar a isso ou pedir demissão. 

E isso não serve só para os treinadores de futebol...

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