segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Filosofia de Boteco

            Um homem novo, com tradições de velho e ideias de criança. Apenas assim podemos classificar uma pessoa tão querida, tão bem humorada, tão bipolar quando esta. Sua frase preferida, e mais usada, é: “Eu vou beber a última e nós vamos embora”.

            Ele deve se identificar muito com ela, pois a repete dezenas de vezes durante as tardes, as noites, as madrugadas. De quando em quando a cerveja acaba, a wodka falta, e nessas horas ele parece ser alguém normal. Mas ele não é, ele está quieto, abstinente, necessitado de algo mais forte que um simples suco natural.

            - Existem as mulheres normais e as que não engolem. – começa a filosofar entre garrafas vazias e um prato com seu lanche.
           
            Como ele mesmo diz “Depois da terceira cerveja é embeleze.”, as pessoas passam a enxergar beleza onde não tem, passam a ter a sinceridade que nunca tiveram, e assim a vida torna-se mais bonita. E como ele sempre está com um considerável nível alcoólico no seu sangue, a vida dele é simplesmente a melhor, a mais verdadeira, a vida perfeita, cheia de amigos, como ele mesmo fala:
           
            - Eu bebo para fazer amigos, nunca conheci alguém que fez amigos bebendo leite.
             
            A tarde vai passando rápido, as discussões ao redor da mesa são cercadas por descontrações, confusões e troca de farpas. Chegando o fim do dia, com o sol já se pondo, ele vê a hora de ir embora cada vez mais próxima, paga sua conta, pega suas coisas, entra no carro e leva cada um de seus amigos de um dia para casa.

            - Ei, você aí, pega essa garrafa e joga na primeira pessoa que tu veres na estrada – ele diz pra um enquanto deixa o outro na sua casa.

            - Acho que eu vou dar uma mijada, limpar o pneu do meu carro, não gosto de pagar esses caras que limpam a meia boca, deixa que eu faço o serviço. – Resmunga, enquanto levanta seu instrumento, fazendo do seu mijo um chafariz e limpando o seu carro.

            E após isso tudo, depois de deixar todos em casa, sobra tempo para pensar em um título para suas histórias e frases de efeito:
           
            - Eu posso fazer uma lista de palavras, e escrever nossas histórias, não para ganhar dinheiro, só para dar risada, mesmo. Se eu fizesse, iria se chamar “Filosofia de Boteco”.

            E assim continua a saga de um boêmio, com seu Uno 1998 e sua rádio Princesa, partindo para onde o destino levar, algum lugar que a cerveja não possa acabar...

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