domingo, 17 de novembro de 2013

O Taxista

Acordei... e não queria ter acordado
Eles me ligaram desesperados
E eu me levantei ainda meio perdido
Eu pensei... e não devia ter pensado
Os meus olhos estavam inchados
Percebi que eu nem havia dormido

Faz mais ou menos uns cinco anos
Que resolvi desafiar toda essa sociedade
E provar que posso viver sem dirigir
Paguei trinta reais num táxi e só me fodi...

E todos aqueles planos
De mudar um pouco essa realidade
Eu já esqueci, já deixei pra trás
Só quero conseguir viver em paz

O taxista viu que eu não estava bem
E, enquanto dizia que já havia apanhado bastante,
Ele mostrou algumas cicatrizes do seu viver
Mas ele sabe – e todos sabem também –
Que aquilo que mais dói na gente
Nenhuma outra pessoa pode ver

Cheguei numa reunião com meus chefes
E o único funcionário era eu
A primeira coisa que eu pensei: “fodeu”
Sim, eu estava desempregado, no olho da rua

A vida é quase que como uma bola de neve
É difícil acordar e saber que perdeu o emprego
É impossível ter um minuto de sossego
Vendo outro cara com a guria que era tua...

Peguei de novo o táxi daquele motorista
Ele disse que não dirigia por obrigação
E que tinha problemas na vista
E eu falei: “um acidente seria minha salvação”
A morte seria bem quista
E ele me disse: “não...”

E continuou: “Não sei qual o teu problema, meu jovem, mas só queria te dizer pra não desistir. Estive pensando por muito tempo em me matar viajando de carro por aí, seria perda total, não só de uma vida ou de um automóvel, mas da sanidade mental. Erguer a cabeça é quase que obrigação e todo vencedor um dia já foi derrotado. Faz o seguinte, seja como um taxista: dedique sua vida a facilitar o caminho de outras vidas.”

3 comentários:

  1. Olá Marcel,

    desculpe a demora para dar sinal de vida. A verdade é que me desiludi um pouco em escrever durante esses meses. Motivos pessoais. E bloqueio mental, talvez. Vi seu elogio apenas hoje. Agradeço com sinceridade. Mas como o nome sugere, aquilo era uma espécie de despedida a algo que nunca mais voltaria, mesmo que eu quisesse; estava precisando vomitar tudo aquilo, o que é ruim deve ser posto para o lado de fora. É engraçado que escrevo meio automaticamente (incluídos aqui simples recados) e quando releio percebo que não dá para entender nada, às vezes nem eu consigo. Enfim, voltei. Mais ameno, menos deprimido. Mais banal. Abrindo os olhos para a realidade em torno de mim. Percebendo o cotidiano. Publiquei três textos que escrevi desde então. Estou com uma agonia do layout do blog, o Google se implicando comigo porque meu pseudônimo não parece um nome (sábio Google), quero trocar quase tudo. Título e subtítulo já. Faltam "nome" e foto. E estou sem idéias. Aliás, não costumo acessar o e-mail que fiz aqui apenas para a construção do blog (o gmail), mas o meu hotmail (que é igual), checo quase diariamente. Você continua escrevendo com a mesma qualidade, a propósito.

    Abraço.

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    1. Opa, não precisa te desculpar, cara. Fico feliz que a fase de não escrever tenha passado e que agora tu voltaste. O novo estilo dos versos - mais alegres e esperançosos - merecem um novo modelo de blog mesmo! Esse preto aí ficou no passado, pelo visto. Clareia isso aí, já que, pelo visto, alguém clareou o teu caminho, quando tudo era escuridão. Quando trocares o nome do blog, avise-me! Agradeço ao elogio. Abraço!

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  2. Marcel,

    não se preocupe, manterei a URL. É um trocadilho interessante. E feliz
    ou triste, minhas idéias sempre serão meio confusas e desordenadas. Acho
    que o layout que deixei provisoriamente acabará ficando. Mais sóbrio.
    Assim como o título, nome da música/álbum que mais anda rodando na minha
    cabeça neste mês. Talvez mais algumas mudanças básicas em fontes e
    gadgets, além do perfil, enfim.

    Abraço.

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